domingo, 27 de junho de 2010

Alemão vai modernizar Museu do Carro Eléctrico


A reconversão do Museu do Carro Eléctrico, no Porto, terá inspiração germânica. Um arquitecto de Berlim (Alemanha), Thomas Kröger, assina o projecto vencedor que, quase sem mexer na fachada dos edifícios, cria uma nova entrada através de ampla escadaria.
A demolição de dois anexos que não existiam no projecto original, embora hoje tapem parte da fachada do hangar da antiga Central Termoeléctrica de Massarelos, abre espaço para a montagem da estrutura metálica e em vidro, rasgando um acesso nobre ao complexo museológico da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP).
No topo dos degraus, Thomas Kröger cria um terraço que comunica entre o salão nobre (a instalar no hangar) e a cafetaria, situada no primeiro piso do edifício administrativo (é  o que tem a sigla STCP na fachada). A esplanada da cafetaria ocupa esse terraço metálico com vista para a marginal do rio Douro.
Por baixo da escadaria, estende-se um espaço envidraçado onde ficará o átrio e a recepção do museu com a bilheteira. A partir daí, é possível aceder-se às áreas de exposição permanente e temporárias, ao centro de documentação, ao auditório para 100 lugares e sala polivalente e às zonas privadas do arquivo.
O arquitecto germânico, cujo projecto foi escolhido de um conjunto de 49 propostas presentes no concurso de ideias para a requalificação do Museu do Carro Eléctrico, entende que o "grande átrio" no hangar da central pode ser usado, também, para actividades paralelas, como eventos dos serviço educativo ou pequenas recepções.
No piso superior, fica o salão nobre capaz de acolher eventos de média e grande dimensão. Esta era uma das condições da STCP no concurso de ideias. A empresa pretende rentabilizar o espaço disponível no complexo, alugando salas para festas e outros "eventos de qualidade".
Também no edifício administrativo (onde Thomas Kröger coloca uma caixa de vidro que prolonga verticalmente o imóvel), é rasgado um espaço pronto a alugar para iniciativas de menor dimensão. Fica na cobertura do prédio e, por ser envidraçada, possui uma vista para o Douro.
"Enquanto empresa pública, a STCP possui uma grande preocupação com a sustentabilidade financeira do património a seu cargo. Há a necessidade de requalificar o edifício do museu, mas também fazer um aproveitamento que potencie a captação de receita", explica Jorge Freire, administrador da STCP.
O júri do concurso entendeu que o conceito do arquitecto alemão é "sólido", "realista", cumpre as exigências das STCP e "valoriza o lado poético e histórico" do complexo da antiga Central Termoeléctrica.
Thomas Kröger conquista o primeiro lugar, o prémio de 12,5 mil euros e o direito a requalificar o museu. Perspectiva-se a abertura do concurso público para a execução das obras (com custo estimado é de 8,6 milhões de euros) no início do próximo ano.
O projecto vencedor mantém a loja no edifício administrativo, assim como a principal área da exposição permanente com capacidade para albergar 20 veículos. A distribuição dos carros eléctricos será mais espaçada. O circuito social da exposição passa, ainda, pelo piso superior, onde estarão as máquinas da central.
No recinto do museu, prevê-se a criação de 72 lugares para estacionamento dos visitantes.
Alunos de cursos profissionais vão aprender na oficina escola da empresa
É na oficina do museu que os eléctricos históricos em mau estado renascem. A STCP não quer que esse saber se perca e deseja estabelecer um acordo com a Direcção Regional de Educação do Norte, para que os alunos dos cursos profissionais de carpintaria e de electricista possam ter aulas na oficina-escola do museu e aprender, com os actuais funcionários, como se dá nova vida a um eléctrico.
O estudo do arquitecto Thomas Kröger contempla a modernização do núcleo das oficinas. A pensar nesta vertente de ensino, existirão duas salas de aula e as infra-estruturas de apoio à actividade da escola. Será rasgada uma abertura na cobertura dos edifícios contíguos para permitir a entrada de luz natural.
Além do projectista alemão, o júri distinguiu mais seis trabalhos. O segundo lugar (e 10 mil euros) foi conquistado por Nuno Grande, enquanto a proposta de Pedro Tiago Pimentel e Camilo Rebelo arrecadam a terceira posição (e 7,5 mil euros). Ambos são do Porto.
Há, ainda, cinco menções honrosas: SJGS Arquitectos (Porto), Pedro Santos (Pombal), Aurora Herrera Gomez (Espanha), Claudio Vilarinho (Porto) e José Juan Fructuoso Sempere (Espanha). Estes receberão mil euros cada.
A cerimónia de entrega dos prémios e a inauguração da exposição dos 49 trabalhos apresentados no concurso público de ideias, lançado no passado mês de Janeiro, estão marcadas para o dia 8 de Julho no Museu do Carro Eléctrico.

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