segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A chegada do carro eléctrico a S. Mamede de Infesta

A 19 de Fevereiro de 1910 é com pompa e circunstância que o carro eléctrico chegou a S. Mamede.
Antes, a ligação feita entre o Porto e S. Mamede era assegurada pelos carros Ripert, grandes vagões de madeira e ferro, também conhecido por char-à-banc.
A companhia que detinha estes dava pelo nome “Expresso Portuense de Carros Ripert” e começou a sua actividade em 1857.
As viagens, intermináveis, desconfortáveis começavam e terminavam na Praça Carlos Alberto.
Num artigo do Jornal de Notícias de 25 de Fevereiro de 1910, o autor Campos Monteiro escreve que “...os passageiros abanavam, dançavam e se entrechocavam, ameaçando desconjuntar-se com a nave colossal que os conduzia...” e que a “...uma velocidade útil de vinte metros á hora decorria a temerosa, fatigante, a interminável jornada!”.
Raramente, portanto, os cocheiros conseguiam cumprir os horários, assim como eram comuns os cocheiros que usavam indevidamente os carris dos carros americanos, causando vários conflitos entre os proprietários dos dois meios de transporte distintos.
Foi, portanto, com grande alegria que a povoação de S. Mamede recebeu o Carro Eléctrico que, segundo o mesmo autor, no já referido artigo do JN, menciona que as ligações eram efectuadas de 20 em 20 minutos entre as 5:37 e a 1:07 da manhã. Um avanço significativo na qualidade de vida dos locais.
Nesse dia 19 de Fevereiro de 1910, Campos Monteiro declama uma elegia em honra do Ripert que terminava do seguinte modo, resumindo assim os sentimentos dos habitantes desta localidade:
“Adeus, amigo, adeus! Que essa fogueira
Te consuma a madeira carcomida.
…Cinco horas!… Vais arder, nave agoirenta!
Enfim, foste uma vez pontual na vida
-Cumpres o horário pela vez primeira…”
Passados assim 102 anos, celebra-se a inauguração da linha 3 de carro eléctrico para S. Mamede. Linha que mais tarde, em 1945, ficou conhecida como a 7/ que ia da praça da liberdade até ao coração dessa localidade.

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