sábado, 25 de abril de 2009

80 viagens perdidas por falta de civismo

No primeiro trimestre de 2009 o tempo de imobilização dos eléctricos por estacionamento indevido foi de dois dias. Ou seja, perderam-se 80 viagens. As zonas mais afectadas são junto ao Hospital de Santo António e a Rua de 31 de Janeiro.
Quase todos os dias, Carla Araújo, 27 anos, entra no "amarelinho" para se deslocar até à zona do Carmo, no Porto. "Detesto confusão e, como tenho uma paragem junto a casa, quando venho à Reitoria da Universidade é certo que prefiro viajar de eléctrico", conta, ao JN, a jovem que, de sorriso fácil, se sobressai no veículo maioritariamente ocupado por idosos.
"À paz" que diz sentir, enquanto espreita a cidade pela janela quadrada do eléctrico, Carla confessa que a viagem de eléctrico fá-la sentir que está "dentro de um filme", acrescenta.
Porém, a jovem sabe que "se tiver que chegar à hora certa a um determinado local, a única solução é levantar mais cedo". A "experiência" de Carla diz-lhe que "à hora do almoço e entre as 17 e as 18 horas há sempre problemas com falta de eléctricos".
Apesar disso, nos primeiros três meses do ano já andaram 51225 pessoas nos eléctricos.
Coincidências ou não, o facto é que segundo a Sociedade dos Transportes Colectivos do Porto (STCP), o principal motivo dos atrasos dos eléctricos deve-se ao estacionamento indevido de outros veículos em cima da linha.
E se exemplos faltassem, José Silva, guarda-freio "desde 1975" (ler texto ao lado), é obrigado a interromper a viagem ao subir a Rua de 31 de Janeiro. Uma carrinha está estacionada de frente para o eléctrico. José apita insistentemente, mas ninguém aparece. "Isto é o pão nosso de cada dia", soltou Rui Teixeira, junto à saída, enquanto olha para o relógio.
Só nos primeiros três meses do ano, o eléctrico esteve ali parado cerca de quatro horas. Ainda assim, "o local onde se registou, pelo mesmo período de tempo, o maior número de impedimentos à normal circulação dos carros eléctricos foi na Rua fo Professor Vicente José Carvalho (frente ao Hospital de Santo António) com um total de 11 horas", disse a STCP.
Manuel Soares, 81 anos, não tem dúvidas que "o eléctrico é bem melhor do que andar a pé". Principalmente "quando a ruas são a pique". "Além disso, não se sente tanto as curvas como no autocarro", acrescentou. A mesma opinião tem Maria Fernanda da Silva, de 78 anos, que se cansou das "guinadas" dos autocarros.
No entanto, para a filha Maria José, 53 anos, "o eléctrico é pouco funcional para quem vai trabalhar". É só para turistas e velhinhos que têm tempo", concluiu.

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