Uma das propostas que mais chamaram a atenção dos presentes na apresentação do plano de Estrutura para a Frente Marítima do Porto, foi a intenção de criar, no lado poente da marginal, um canal para o eléctrico histórico, que implica a pedonalização da Rua da Senhora da Luz e que, na marginal, conviverá com a ciclovia e a zona de circulação de peões. Este acrescento, a acontecer, implicará roubar uma faixa de rodagem para automóveis, numa zona da cidade muito pressionada, em termos de tráfego, e para a qual o município apresentou, também nesta sessão, um novo plano viário, que entrará em vigor em Fevereiro (
ver texto).
Este regresso do eléctrico àquela zona da cidade está integrado num plano, que tem vindo a ser estudado pelo Porto, por Matosinhos, pela STCP e pela própria Administração do Porto do Douro e Leixões, tendo em conta o objectivo de usar este meio de transporte, eminentemente turístico, para ligar o novo terminal de cruzeiros de Leixões à Ribeira do Porto. O troço existente da Linha 1, entre o Infante e o Passeio Alegre, na zona da Cantareira, tem sido um sucesso, e só no último ano a sua procura cresceu 17%, segundo a STCP.
O serviço de eléctricos ficou, a pedido da Câmara do Porto, de fora do processo de concessão da operação da STCP e o reforço da sua utilização na cidade tem sido discutido, nos últimos anos, como complemento à rede de metro. Se o Plano de Estrutura para a Frente Marítima for levado por diante, os carris vão mesmo regressar a uma zona de onde foram retirados na última década, incluindo, neste caso, o viaduto sobre o Parque da Cidade que liga o Porto a Matosinhos.
Neste último caso, os carris que ali haviam sido colocados aquando da construção desta obra de arte, assinada pelo catalão Solà-Morales, foram retirados, em meados da década passada, porque alegadamente não serviriam para a circulação do metro na projectada Linha da Boavista, desejada pela Câmara do Porto e pela administração de então da Metro do Porto. Esta decisão levou a STCP a reclamar mais de 900 mil euros ao município, verba que, segundo o que o PÚBLICO conseguiu apurar, ainda está por pagar.
Em Matosinhos, onde o antigo canal da ligação por eléctrico às duas cidades ainda se mantém, estuda-se a melhor maneira de fazer chegar o “novo” meio de transporte ao molhe sul do porto de Leixões, transformado já numa porta de entrada de turistas na região.
Espera-se que, com a inauguração do edifício de acolhimento de passageiros, dentro de meses, o número de cruzeiros a parar ali aumente substancialmente, e a vontade de oferecer a uma parte desses visitantes a possibilidade de acederem à zona histórica do Porto por um trajecto pela frente marítima e frente ribeirinha é assumida como prioritária pelos dois municípios, que integraram o projecto no plano estratégico metropolitano
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